Veja  as rupturas de TI que mudarão as empresas no futuro
Por Vitor Cavalcanti |  InformationWeek Brasil -18/05/2010
  
Mobilidade,  computação em nuvem e geolocalização estão entre os conceitos que determinarão  os rumos do mundo.
                
Há quantos anos a  máquina de    escrever deixou de fazer parte da realidade dos principais  escritórios no    Brasil? Quantos faxes você enviava há uns dez anos e  quantos envia e recebe    atualmente? Você se lembra quando a telefonia  móvel chegou ao Brasil? Na    época, conseguia imaginar que aqueles  aparelhos de design duvidoso se    converteriam em smartphones complexos  e conectados à internet? Talvez você    nem tenha se dado conta que  estes episódios influenciaram sua vida, mas eles    integram uma série  de (r)evoluções tecnológicas que vem mudando a forma como    as pessoas  trabalham e se relacionam E este processo não para. 
É claro que nada ocorre da noite    para o dia. Mesmo  quando um especialista apresenta uma novidade, como foi o    caso da  internet, os impactos na rotina são sentidos aos poucos - e as     alterações são mais bem perceptíveis quando observadas no todo, ao se  olhar    para trás. Contudo, quanto mais avançamos, mais rápida é a  absorção de uma    determinada tecnologia e as grandes rupturas não  demoram mais décadas para    acontecer. Vinton Cerf, evangelista do  Google, fala, por exemplo, em web    interplanetária. 
Mas, se por um lado as inovações tecnológicas    mudam o  dia a dia das pessoas, por outro respondem aos anseios da sociedade e     até criam necessidades. Nesta via de mão dupla, alguns exemplos dos  impactos    são muito claros. Compare como se trabalhava há 15 anos e  hoje. Agora, olhe    para o futuro. Já se sabe que na empresa do amanhã o  escritório físico    perderá sua importância. A flexibilidade na rotina  do trabalho decorre dos    avanços da tecnologia. "É algo que virá. As  pessoas estarão conectadas e    com internet disponível em todo lugar.  Com isto, serão criados novos tipos de    corporações e um novo  corporativismo", corrobora Michael Cusumano,    professor de  administração e engenharia de sistemas do Massachussets    Institute of  Technology (MIT) e integrante do grupo de inovação tecnológica    da  instituição.
A mobilidade veio para ficar, mas ela está apenas  começando. Levantamentos    apontam que, até 2015, serão 15 bilhões de  máquinas conectadas, podendo ser    desde um celular até uma geladeira. A  IDC acredita que em 2013 o mundo terá    um bilhão de dispositivos  móveis conectados e a internet móvel será usada    cada vez mais para  compras e acesso a aplicações corporativas. Tais números    evidenciam a  força que a mobilidade exercerá dentro de alguns anos. Os     profissionais da geração Y contribuem para esta revolução por conta do  perfil    comportamental, no qual a qualidade de vida se torna crucial,  mesmo num mundo    altamente competitivo. 
Um estudo apresentado em 2008 pela    Pew Internet and  American Life Projetc revelou que, para 77% dos 1.196    entrevistados,  até 2020, os dispositivos móveis terão mais capacidade de     processamento e se tornarão a primeira plataforma de acesso à internet.     Enquanto isso, Tomi Ahonen, especialista em mobilidade reconhecido     mundialmente, projeta para daqui a dez anos que, em muitos países,  metade da    economia transitará em pagamentos efetuados por telefones  móveis. 
O diretor do centro de tecnologia e    sociedade da  Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos,     concorda com essa tendência, no entanto àqueles que pregam a morte do  escritório    tradicional o especialista aposta em um modelo híbrido. Ou  seja, a empresa    como hoje é conhecida se tornaria um ponto de  encontro, não necessariamente o    principal, estando conectada com  outros hubs. "O home office é uma    realidade, mas não substitui o  escritório físico e não substituirá nos    próximos dez anos. Acredito  no modelo onde as pessoas se reúnem no local    físico para troca de  informações e depois seguem em campo." 
Dentro desse contexto, continuariam    cumprindo uma  rotina diária nas corporações aqueles que possuem função braçal    e  justificam uma ida até a sede. Entrariam em cena robôs, automatizando  ainda    mais as linhas de produção. A evolução da robótica permitirá  esta guinada. O    jornal China Daily soltou previsão, de acordo com o  Centro de Gestão de    Estudos Estratégicos (CGEE), em Brasília, que até  2018 robôs assumirão função    de cozinheiros nas casas. Isso tem ainda  relação direta com o envelhecimento    da população. Há pesquisas que  indicam que, até 2050, haverá mundialmente    mais pessoas com idade  superior a 60 anos que indivíduos de 14 anos, elevando    a necessidade  de automação de serviços que exigem muito esforço físico. 
É a tecnologia atendendo às    necessidades da sociedade.  Contudo, para as transformações ocorrerem em sua    totalidade, questões  como mudanças na legislação trabalhista, que precisará    ser mais  flexível, e regras de aposentaria também precisarão ser revistas.     Afinal, aos 60 anos, um profissional poderá estar no auge de sua  capacidade    intelectual e contribuindo com as empresas. 
Novos modelos
A mudança no estilo do trabalho ou    mesmo na  adoção mais acentuada do home office é apenas uma parte de uma série     de paradigmas que poderão ser quebrados nos próximos anos a partir de     tecnologias existentes, como a computação em nuvem. Cezar Taurion,  gerente de    novas tecnologias aplicadas da IBM, acredita que cloud  deve se tornar algo    mais normal já em 2012, além de conceitos que se  agregam a ela como software    como serviço (SaaS, da sigla em inglês),  causando rupturas na indústria de    TI, na forma como as corporações  administram seus dados e também na maneira    como negociam a compra de  softwares. 
Isso inclui a tendência muito forte    - e sem volta -  de transformar praticamente tudo em serviço. O lado cruel é    que  especialistas apontam que diversas companhias, principalmente     fornecedores de TI, talvez não sobrevivam a tais mudanças, sucumbindo ou     sendo adquiridas por players maiores. "Tudo depende do segmento de     atuação, mas, certamente, a indústria de software será bastante  modificada.    Jornais, livros, agências de viagem, livrarias, sofrerão  muitas rupturas nos    próximos quinze anos e isto está se acelerando",  pontua Cusumano, do    MIT. 
Já Taurion, da IBM, fala sobre essa    mudança de modelo  numa tentativa de não criar um alarde. Para o executivo haverá,    sim,  uma grande mudança de filosofia, inclusive chegando até a parte de     estabelecimento de um novo mecanismo para premiação da força de vendas.  Nada,    entretanto, que as companhias não possam se adaptar. "Leva  algum tempo?    Sim. Até para as empresas que têm modelo estruturado na  forma atual, mas isto    não é radical. Não é reinventar algo, mas mudar  o modelo de negócio",    avalia.
Antes, no entanto, Taurion havia confessado que, quando  se parte para um    modelo de serviço, a responsabilidade do fornecedor  aumenta, uma vez que o    software estará na nuvem do fabricante, que  responderá por qualquer problema    de acesso ou de segurança. Por outro  lado, a vida do cliente é facilitada,    pois ele poderá cancelar o  serviço como faz com uma linha de celular. 
O modelo de serviços é algo que as    companhias  precisarão aprender. "A solução é transformar produtos em    serviços,  em assinaturas, como a Apple pensa com o tablet e a Amazon, com o     Kindle. Você pode fazer com smartphones também", sinaliza o professor do     MIT. Embora argumente desta maneira, Cusumano enxerga o futuro  destas    empresas com um pouco de incerteza. "Não temos uma solução  ainda. O The    New York Times anunciou que irá cobrar pelo conteúdo  online, não se sabe o    que vai acontecer. Muitos jornais e companhias  de mídias foram desafiados    pelo Google que captou bilhões em receita  publicitária", pontua,    trazendo para a discussão a tendência de se  oferecer as coisas gratuitamente,    embora nem tudo e nem sempre seja  completamente sem custo. 
Reverter a gratuidade para pagamento    é algo quase  improvável em sua totalidade. O professor Lemos, da FGV, lembra    que  nem todos vão querer pagar por um conteúdo, já que a internet deixa     disponível uma gama de páginas informativas muito grande. "Você não     consegue que todos paguem, mesmo com micropagamentos. Acredito em um  modelo    ‘freemium", onde parte é gratuita e os serviços premium são     cobrados." 
Os pilares
Questionado sobre os principais    conceitos  que trariam rupturas nos próximos cinco ou dez anos, Cusumano, do     MIT, citou quatro pontos: mobilidade (nos próximos dez anos); banda  larga    móvel (disponível em todo lugar e gratuitamente nas ruas);  aplicativos de    geolocalização; e serviços (como modelo de negócio).  "O SaaS é um    exemplo de como transformar um produto em serviço e ele  se tornará muito    popular. Hoje, 3% ou 4% das empresas mundialmente  têm aplicações como    serviço, mas, em cinco anos, deve chegar a 30%." 
Entretanto, o cenário no Brasil e    também em outros  países da América Latina diferencia-se um pouco. Será    realidade ao  observar as grandes corporações, mas, em geral, como argumentou     Lemos, da FGV, a região precisará evoluir muito. "Ele [Cusumano] tem     toda razão quando cita os quatro pontos, porém, no Brasil e na AL, nos     próximos dez anos, o avanço da inclusão digital fará a grande  diferença",    ressalta Lemos. "Cloud e mobilidade pressupõem  infraestrutura de rede    instalada e isto passará pela inclusão  digital." 
O especialista brasileiro também    acredita que a  realidade dos grandes grupos empresariais seja diferenciada,    ainda  assim, alerta que, para colocar tudo em cloud computing, tais     companhias precisarão contar com uma banda larga de qualidade, além de     resolver pontos relacionados à segurança de dados. E os desafios que o  Brasil    possui em internet rápida são claros. A velocidade provida é  baixa e a    qualidade, dependendo da região, duvidosa. Na área móvel,  falta leilão de    banda e pesquisas para teste com tecnologias mais  avançadas como Long Term    Evolution (LTE). Certamente, a previsão do  Reino Unido de internet banda    larga disponível em qualquer lugar até  2015 não será a mesma para a realidade    brasileira. 
O diretor de desenvolvimento de    tecnologia da Intel  para América Latina, Reinaldo Afonso, vê como desafio na    computação  em nuvem o desenvolvimento de um protocolo de troca de informações     entre as nuvens dos diversos fornecedores que surgirem, levando assim  mais    liberdade aos clientes. "Por que não usar o melhor de cada  prestador?    Isto demora por depender de padronização. No início,  haverá mais    conservadorismo, mas depois muda. Quando a necessidade  for identificada, se    desenvolve rapidamente." 
A ideia do executivo é que a    companhia tenha um CRM  na nuvem X, um storage com Y e alguns aplicativos na W    - tudo  conversando e trocando informações. Existem iniciativas neste sentido     como a do Open Cloud Manifesto, que discute adoção de parâmetros para o     conceito. "Hoje, quando se fala em tecnologia, pensa-se em um  servidor e    por meio do PC acessa-se às informações. Em dez anos, será  com cloud e    mobilidade. As mudanças e rupturas transformam  exponencialmente, mas no dia a    dia você não vê", divaga Taurion, da  IBM. "Nuvem é capacidade    computacional em qualquer lugar, você não  precisará de uma máquina potente, o    armazenamento poderá estar em  cloud. A junção mobilidade e nuvem será o    modelo que demonstrará o  paradigma computacional." 
Uma das previsões feita por Ahonen,    especialista em  mobile, para 2020 congrega o discurso de mobilidade e    computação em  nuvem levantado por Taurion. Para Ahonen, os celulares se    converterão  em uma espécie de concierge. Ou seja, o aparelho terá a    capacidade  de coletar dados "da nuvem" e trabalhá-los de forma a    ajudar o dono  do aparelho. Para agendar uma reunião, por exemplo, o sistema    puxará  foto do Facebook, trará o perfil no Linkedin etc. Ele lembra, contudo,     que, para isto acontecer, será necessária banda larga mais rápida e de  melhor    qualidade que a atual 3G. A Pyramid Research acredita que até  2015 serão 100    milhões de assinantes de 4G com tecnologia LTE. 
Surgimento do inesperado
Diante da realidade desenhada pelos     especialistas ouvidos por InformationWeek Brasil, chama atenção também  algo    alertado pelo diretor do centro de tecnologia e sociedade da  FGV. Lemos    afirma que, em nações como o Brasil, onde o avanço  tecnológico segue etapas    diferenciadas dos países ricos, não é de  surpreender o surgimento de modelos    alternativos. 
Ele cita como exemplo um grupo de    Belém (PA) que  utilizou a tecnologia para criar e distribuir música,    driblando os  percalços da indústria de entretenimento. Seguindo a mesma    linha, ele  acredita que as redes sociais, especialmente no Brasil, são pontos     de evolução e que merecem muita atenção. "Há empresas de pequeno porte     que surgiram dentro do Orkut", comenta. "O uso inovador das redes     terá muita importância e é crescente. Não se pode ignorar, no Brasil, o  poder    delas. Tem a característica da socialização e também gera  modelos inesperados    e locais." O fenômeno do Orkut no País fez com  que o Google transferisse    o comando da rede social para a subsidiária  brasileira. No Twitter, o Brasil    só perde para os Estados Unidos e a  adoção do Facebook está em alta. 
É difícil garantir que qualquer    projeção seja  concretizada. É fato, entretanto, que algumas ações discutidas    na  reportagem integram, de certa forma, a realidade. Para Taurion, da IBM, a     revolução, a ruptura, é algo exponencial quando se olha o todo, mas,  na    rotina, é como um tratamento seguindo doses homeopáticas. A  mobilidade, por    exemplo, tem sua bandeira levantada há alguns bons  anos e agora se começa a    construir algo mais concreto e de valor,  devendo causar uma revolução na    troca de informações nos próximos  anos. Cloud está acontecendo, mas há muito    o que evoluir. Banda  larga, nem se fala. O Brasil é um país que ainda    considera internet  rápida toda conexão acima de 256 Kbps, algo inimaginável    nos cenários  colocados pelos entrevistados. 
Em relação aos modelos de negócios,    as rupturas estão  em curso e, passo a passo, as companhias se aventuram com     lançamentos que pisam em terrenos desconhecidos. O mesmo que ocorreu em     civilizações anteriores, que sucumbiram às colonizações, guerras e  avanços    tecnológicos veremos acontecer no mundo empresarial. Em dez  ou quinze anos,    ao avaliar o todo, teremos uma noção mais exata de  como todas as previsões    concretizadas causaram imensas alterações na  forma de ser, pensar e agir.
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